Hoje foi um dia e tanto. Se ontem tive um problema, hoje tenho que resolvê-lo. Procuro sempre pensar assim. De nada adiantaria chorar, e por isso não o fiz.
Primeiro passo do dia: procurar Manny, alguém que poderia me ajudar por aqui. Sem celular para contatar ninguém, fui até a loja dele. Fechada. Sábado é um dia sagrado para os judeus. Segundo passo: ligar para o lugar onde estive ontem para checar a possibilidade de alguém ter encontrado meus documentos. Não encontraram nada. Terceiro passo: ir até a polícia registrar a ocorrência. Lá fui orientada a primeiro contatar o consulado, a ocorrência só poderá ser feita depois disso. Parti, então, em direção ao consulado. Fechado. Só abre na segunda-feira. Agora só me restar esperar.
Li no site do consulado que para fazer um novo passaporte é preciso ter um documento de identidade brasileiro válido. Minha carteira de motorista, o único documento que tinha além do passaporte, também estava na bolsa...
A coisa mais empolgante disso tudo é perceber que estou tendo calma, maturidade e sabedoria para resolver meus problemas sozinha. Além de atitude, é preciso ter um bom nível de inglês para explicar tudo o que aconteceu e buscar ajuda, o que eu estou sabendo fazer com tranqüilidade.
Já que a questão do passaporte ficou em stand by pelo menos até segunda-feira, minha maior meta era reaver a comunicação com as pessoas. É impressionante perceber como fico perdida sem o meu celular. Além de todos os contatos que fiz aqui estarem gravados nele, aquele aparelhinho era também meu relógio, meu despertador e minha calculadora.
Por isso fui atrás do Manny, que trabalha na loja de celulares e poderia resolver pelo menos essa questão. Eu não tenho seu endereço nem telefone anotado em lugar algum, mas recordava onde era a sua casa pelo dia em que tivemos o jantar de Shabbat. Na minha cabeça, eu só precisaria pegar o metrô para a Bay Parkway, no Brooklyn, e de lá saberia facilmente encontrar sua casa, que era perto da estação.
Ledo engano. Resumo da ópera? Passei o dia a pegar metrôs errados e não encontrei a casa do Manny. Descobri que a minha habilidade com a língua inglesa é inversamente proporcional à minha habilidade de entender mapas. Mas no fim estava otimista e até curtindo o passeio, vi umas casinhas bem bonitinhas, bem diferente da realidade da movimentada Manhattan, e um monte de gente estranha entrando e saindo do metrô. E eu claro, fazendo as minhas análises e observações. Divertido. A parte chata do dia foi ter que admitir que eu não encontraria a casa do Manny e ter que voltar para casa. Não gosto de desistir das coisas, mas foi necessário. Afinal não seria legal passar a noite no Brooklyn sem celular e sem identidade.
Passei o dia inteiro sozinha. Para muitos, isso seria triste, mas não para mim. Acredito que pessoas que não gostam de ficar sozinhas não sabem apreciar sua própria companhia. Sorte que não é esse o meu caso.
Descobertas do dia:
* Hoje lembrei que a minha câmera também estava dentro da bolsa, o que é muito triste (do ponto de vista financeiro).
* Em Nova York, em relação à bebidas ou qualquer outro tipo de comida, quando te perguntam que tamanho você quer, convém pedir sempre o pequeno. Porque o médio é sempre grande demais.
* E a mulherada só usa chinelo por aqui. E sandálias crocs. Da série “Me venderam o produto errado”. Onde estão os Manolo Blahniks e os Christian Loboutin?
* Lembre que o Rodrigo certa vez justificou meus atrasos (eu? atrasada? ora, francamente!) em função do meu fuso horário estar programado de acordo com a hora do Paquistão. Me apelidou carinhosamente de "paquistanesa". O taxista queridão de ontem, Fazzy, é paquistanês. Descobri, então, que paquistaneses são pessoas legais e de bom coração.
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Um comentário:
putz, desventuras em série mesmo!
e que ironico. tu comprou coisas roubadas e depois foi assaltada.
tem que reaver tua bolsa em Chinatown.
tudo vai dar certo babe, tu és total madura. e praticamente uma novaiorquina.
luv ya
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